Contexto Historico:
Essa arte nova aparece inicialmente através da atividade crítica e literária de Oswald de Andrade, Menotti del Picchia, Mário de Andrade e alguns outros artistas que vão se conscientizando do tempo em que vivem. Oswald de Andrade, já em 1912, começa a falar do Manifesto Futurista, de Marinetti, que propõe “o compromisso da literatura com a nova civilização técnica”.
Principais Artistas:
ANITA MALFATTI (1889-1964) – Filha de imigrantes de origem italiana e alemã, Anita Catarina Malfatti nasceu em São Paulo, em dezembro de 1889, com um defeito congênito na mão direita. Foi operada na Itália, aos 3 anos de idade, mas nunca se livrou da atrofia na mão e no braço. Teve de aprender a escrever, e mais tarde a pintar, com a mão esquerda. Anita viria a descobrir sua vocação em 1910, quando chega a Berlim. Permanece na Alemanha até 1914. Aluna da Academia de Belas Artes de Berlim, também teve aulas com pintores de renome, como Lovis Corinth. Depois de uma breve passagem pelo Brasil, viaja, em 1915, para Nova York, onde matricula-se na Independence School of Art. Volta ao País, destinada a causar polêmica. Em dezembro de 1917, Anita expõe, em São Paulo, obras identificadas com a liberdade formal das vanguardas européias e norte-americanas, como “A Boba”, “O Homem Amarelo”, “A Mulher de Cabelos Verdes” e a “Estudante Russa”. A reação nos meios intelectuais, expressa no artigo de Monteiro Lobato “Paranóia ou Mistificação”, é violenta. “Então começou o peso do ostracismo. Todo meu trabalho ficou cortado, alunos, vendas de quadros – e começaram as brigas nos jornais”, revelou a pintora. Anita participa da Semana de 22, mas ainda traumatizada pela hostilidade ao seu trabalho, afasta-se, progressivamente, da vanguarda. Em 1923, Anita embarca para um período de cinco anos de estudos na França. Participa de exposições coletivas de arte moderna nos anos 30 e 40 e da 1ª. Bienal de São Paulo, em 1951. Na 7ª. Bienal, em 1963, é homenageada com uma grande retrospectiva. Anita morre em 1964, em São Paulo. “Devo a ela e à força dos seus quadros a revelação do novo e a convicção da revolta”, disse sobre a amiga, Mário de Andrade.
DI CAVALCANTI (1897-1976)– “A cultura não se apega aos meus sentidos, sou sempre o vagabundo, o homem da madrugada, o amoroso de muitos amores”. Nascido Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Mello, em setembro de 1897, no Rio, Di Cavalcanti registra como ninguém o povo brasileiro. “É sempre o mais exato pintor das coisas nacionais”, escreveu Mário de Andrade. “Não confundiu o Brasil com paisagens e em vez de Pão de Açúcar nos dá sambas, em vez de coqueiros, mulatas, pretos e carnavais”. Em 1917, muda-se para São Paulo e matricula-se no curso de direito do Largo São Francisco. Empregado como revisor no jornal O Estado de S.Paulo, expõe suas caricaturas numa livraria do centro da cidade. Em 1921, mergulha de vez na pintura, já associado ao grupo modernista. No ano seguinte, conhece o escritor Paulo Prado. “Falamos naquela noite, e em outros encontros, da Semana de Deauville e outras semanas da elegância eurepéia. Eu sugeri Paulo Prado a nossa semana, que seria uma semana de escândalos literários e artísticos, de meter os estribos na barriga burguesiazinha paulistana.” Estava lançada a semente da Semana de Arte Moderna. Di faz a ponte entre as vanguardas do Rio e de São Paulo e ilustra a capa dos catálogos. Mas já se distingue dos colegas como Anita Malfatti, Brecheret e Lasar Segall, cujo modernismo, acredita, “tinha o selo da convivência com Paris, Roma e Berlim”. “Meu modernismo coloria-se do anarquismo cultural brasileiro e, se ainda claudicava, possuía o dom de nascer com os erros, a inexperiência e o lirismo brasileiros”. Mesmo assim, Di busca um maior contato com a arte moderna européia. Mora em Paris entre 1923 e 25. A cultura não apaga, aguça seus sentidos. Na volta, redescobre o Brasil e sua gente, num encantamento que matéria sempre renovado ao longo da vida. Em 1955, recebe o Primeiro Prêmio de Pintura para artista nacional, na 3ª. Bienal de São Paulo. Dez anos depois, a 8ª. Bienal apresenta uma retrospectiva com 53 trabalhos. Produz muito na velhice, Precisa pagar dívidas, mesmo às custas da qualidade do trabalho. Em 1971, o Museu de Arte Moderna promove uma retrospectiva com 470 telas. Di morre no Rio, em 1976, Glauber Rocha filme o velório, mas o material permanece virtualmente inédito, por pressão da família do pintor.